Os Representantes
Mais Velhos da Geração “Z” Começam a Chegar ao Mercado de Trabalho, Exigindo
Uma Revisão Nas Práticas de Gestão de Pessoas
Enquanto os executivos de RH discutem como
atrair e manter os mais jovens (Geração Y), os representantes mais velhos da
geração seguinte (Z) começam a ocupar as primeiras cadeiras nas corporações.
Dos 376 mil funcionários das “Melhores Empresas Para Começar a Carreira”, 14%
têm até 24 anos e, considerando um estudo mais antigo (As 150 Melhores Empresas
Para Você Trabalhar), 15% dos profissionais que atuam nessas companhias têm
menos de ¼ de vida.
Em 20120 a Geração Z representará mais de
29% do mercado de trabalho e há executivos que ainda não pensaram nisso. Bruce
Tulgan – Consultor de Liderança – cita algumas características dos jovens que
se refletem em seu comportamento no serviço. “Seus pais (conhecidos como
“helicópteros”) estão sempre de olho no filho e correm em seu resgate no
primeiro sinal de problema”.
“É por isso que os Z’s têm dificuldade no
mundo corporativo, pois eles foram acostumados a ser tratados como clientes,
usuários de serviços e produtos entregues pelas autoridades e instituições –
inclusive a escola. Eles não respeitam a figura autoritária, a não ser que
sejam conquistados por ela” – disse Bruce.
Com a popularização da Internet, os mais
novos cresceram conectados e com acesso a tudo. A hierarquia deixou de fazer
sentido para eles e, os jovens das classes A e B, sem limites de conexão, que
foram premiados por tudo e têm todos os bens materiais, não sabem lidar com a
perda, já que seus avós e bisavós ainda estão vivos – e não aprenderam a ouvir
não.
Essa geração chega à idade ativa com
energia, entusiasmo e preparação técnica. Seus representantes são “nativos
digitais”, uma vez que quem completou 19 anos antes de setembro / 2017 nasceu
num mundo em que já existia o Google. A entrada desse grupo nas corporações
deve influenciar mudanças nas práticas de gestão de pessoas.
A pesquisa do Guia As Melhores Empresas
Para Começar a carreira, destinada a profissionais até 26 anos, indica que a
principal razão para eles trabalharem numa organização é perceber que estão
aprendendo e que têm oportunidade de se desenvolver (29%); seguida do fato de
se sentirem satisfeitos e motivados com o serviço que realizam (20%).
Ademar Bueno (FGV) explica que o maior
desejo do jovem é de se desenvolver, mas ele não sabe a melhor forma de fazer
isso. Para incentivar o aprendizado dos seus funcionários, a paranaense DBI
Global “gamificou” os cursos e lançou
o jogo “Mestre dos Códigos”, o qual traz uma série de atividades práticas em
desenvolvimento de software para testar o nível de conhecimento dos
profissionais em diversas linguagens de programação. Cada linguagem é
representada por um território que, para ser conquistado, exige o cumprimento
de 15 tarefas.
Ao vencer cada batalha o empregado ganha
uma recompensa; a primeira dá direito a um cordão para o crachá com o tema do
jogo. A partir daí, a cada cinco atividades completadas, ele conquista um novo
nível e recebe as insígnias de escudeiro, cavaleiro ou mestre. Com 71% da
liderança sendo da geração Y e já tendo 25% de jovens da Z, Natália Kawatoko
(Gerente de RH da DBI Global) nota as diferenças e afirma que “a geração Y é
mais ansiosa e impaciente. Já a Z é mais técnica e tem dificuldade de
comunicação”. E até o momento, nenhum Z demonstrou interesse em ocupar cargos
de gestão – afirmou ela.
A principal falha na formação desses
jovens é comportamental, pois como estão acostumados a receber recompensas,
eles se frustram muito rápido. Reforça esse comportamento a “infantilização” do
ambiente e das relações de trabalho causada pelas empresas, na ânsia de atrair
esses profissionais – disse Ademar Bueno da FGV.
Algumas organizações adotam um ambiente
que reflete o da casa dos pais, com sofás para soneca, videogames e geladeira
cheia de doces. “O problema é que, em vez de desenvolver nesse funcionário a
noção de profissionalismo, a empresa quer conquistá-lo pelo mimo, como os pais
que se sentiam culpados por trabalhar muito e enchiam as crianças de coisas” –
afirmou Gilson Magalhães, Presidente da desenvolvedora de software Red Hat
Brasil.
Na Red Hat, desde políticas de flexibilização do
trabalho, migração do treinamento para plataforma online, abolição do código de
vestimenta, diversidade, autonomia para realizar as tarefas e gestão
participativa, tudo está relacionado ao livre-arbítrio para o funcionário ser
quem realmente é e trabalhar da forma que quiser – de preferência, comprometido
com a organização.
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