Quais São as Exigências da Era do Conhecimento? Por
Que Taylor Deu Mais Legitimidade à Atividade de Inspeção Nas Fábricas? Como Era
Tratada a Questão da Qualidade dos Produtos Antes da Revolução Industrial? Por
Que a Qualidade Sofria Com o Sistema de Produção de Taylor?
O tema “gestão da qualidade” nas
indústrias é extremamente dinâmico e, pode-se dizer, que a sua evolução foi
fruto da interação de diversos fatores que compõem a estrutura organizacional e
sua administração. Alguns fatores estruturais apontam para ciclos de vida com
influência nos paradigmas vigentes, pois eles criam desafios na gestão das
organizações e causam surpreendentes impactos na gestão da qualidade.
Um desse fatores estruturais
remonta há 300 anos, quando se iniciou a Era Industrial – momento em que o
percentual de trabalhadores nas indústrias era desprezível. Atualmente vive-se
a Era do Conhecimento e, para as indústrias, não basta apenas produzir – ou
prestar serviços – uma vez que os profissionais atuantes precisam conhecer
profundamente o mercado em que atuam, a fim de se posicionarem à frente de seus
concorrentes.
Dessa forma, o conhecimento passou
a ser um ativo precioso no ambiente das indústrias, pois a tendência nesse
setor é a expansão das fronteiras tecnológicas. A automação dos processos –
aliada à revolução da informação – será cada vez maior e, em função disso,
exige-se níveis mais elevados de escolaridade a fim de impulsionar as
transformações.
Histórico da
Qualidade nas Indústrias
A manufatura sempre foi
considerada uma “nobre arte” e todo artesão tinha muito orgulho de sua arte.
Tudo era definido por ele, desde a compra de matérias-primas até o preço de
venda de seus produtos e o controle de qualidade. O know-how era passado de pai para filhos e destes para os
aprendizes, os quais atuavam ao lado de seus mestres.
No século XIX o processo antes
artesanal transferiu-se para as fábricas e, originada na Europa, a Revolução
Industrial foi a mola mestre para o sistema de fábricas que dividiu o negócio
em tarefas múltiplas, tornando ultrapassados os artesãos. Muitos deles passaram
a trabalhar em fábricas e muitos pequenos proprietários se tornaram
supervisores de produção, já que havia oportunidade para operários qualificados
e semiqualificados.
As fábricas maiores tinham
inspetores de qualidade nas linhas de montagem e eles se reportavam aos
supervisores de produção. Os EUA adotaram a mesma prática e, no início do
século XX, Frederick W. Taylor deu mais legitimidade à atividade de inspeção,
separando-a e atribuindo-a a um dos chefes funcionais necessários para o bom
gerenciamento da fábrica. A produção em massa tornou-se possível mediante a
divisão do trabalho e a criação de peças intercambiáveis, o que não foi bem
assimilado pela sociedade, a qual estava acostumada a ter seus produtos feitos
sob medida.
Taylor foi o pioneiro em
gerenciamento científico, definindo que o planejamento e o controle dos
processos eram responsabilidades dos engenheiros industriais e, com isso,
aumentando a produção sem aumentar o número de artesãos qualificados. Sendo
assim, os operários passaram a trabalhar o mesmo número de horas e produziam
muito mais, devido à racionalidade dos métodos de produção de Taylor. Segundo
ele, uma das principais obrigações da administração industrial era estudar cada
elemento da produção, uma vez que os operários não tinham condições para
analisar seu trabalho e estabelecer qual o processo mais eficiente.
A produção em linha de montagem
dividia operações complexas em procedimentos simples, os quais podiam ser
executados por trabalhadores não-qualificados, resultando em produtos altamente
técnicos de baixo custo. Mas, o sistema Taylor também tinha consequências
negativas, por ignorar os aspectos humanos no trabalho e, além disso, a elevada
produtividade contrastava com a qualidade dos produtos finais, pois a
prioridade dos supervisores de produção era cumprir prazos em vez de se preocuparem
com questões de qualidade.
Finalmente, a alta administração
percebeu que a qualidade sofria com esse sistema e, a fim de restaurar o
equilíbrio entre a qualidade e a produtividade, ela criou departamentos de
qualidade liderados por um inspetor-chefe que passou a avaliar o trabalho, devolvendo
peças defeituosas para que fossem consertadas. Após Taylor, outros estudiosos
realizaram experimentos e teorias, sempre objetivando aumentar a produção e
incrementar os resultados financeiros.
Depois da 1ª Guerra houve uma
mudança significativa nas indústrias, com o crescimento das empresas que
deixaram de ser unidades isoladas para trabalhar integradas, fazendo com que o
trabalhador não tivesse mais o controle total sobre o produto final e se
tornasse especialista, responsável por apenas uma parte do processo. E isso
influenciou negativamente a qualidade dos produtos.
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