segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Século XIX, o Século das Luzes

 

Por Que o Século XIX Foi Denominado de o Século das Luzes? Qual a Maior Descoberta Tecnológica da Feira na Filadélfia em 1876? Qual Era a Relação de Graham Bell Com o Imperador Brasileiro? O Que D. Pedro II Tem a Ver Com a Invenção do Telefone?

 


Em 1876, a jovem República dos Estados Unidos comemorou o 1º centenário de sua Independência com um evento na Filadélfia – Exposição Internacional de Arte, Manufatura e Produtos de Solo e das Minas – numa área quase do tamanho do Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Reunia quase 60 mil expositores de 37 países distribuídos em 250 pavilhões e recebeu 9 milhões de visitantes – o equivalente a 20% da população americana da época.

Entre as últimas novidades da ciência ali exibidas estavam a Remington Number, a primeira máquina de escrever do mundo, um motor a combustão, que nos anos seguintes Henry Ford usaria para construir o 1º automóvel e um sistema automático de envio de mensagens telegráficas desenvolvido por Thomas Edison – também inventor da lâmpada elétrica e do fonógrafo.

Nesse ambiente de curiosidade, o professor escocês Alexander Graham Bell parecia deslocado e seus primeiros dias na feira foram de frustração. Ele trazia uma engenhoca chamada de “novo aparato acionado pela voz humana”, mas ao chegar a Filadélfia descobriu que parte da fiação havia se extraviado com a bagagem.

E, enquanto tentava recuperá-la, deu-se conta de que a organização da feira havia lhe destinado uma pequena mesa escondida no fundo de um corredor distante.

Era um espaço pouco frequentado pelos visitantes e fora do roteiro dos juízes, que eram encarregados de avaliar as invenções. Como se inscrevera de última hora, seu nome sequer aparecia na programação oficial da feira.

Porém, tudo isso mudou devido a uma extraordinária coincidência e, em um final de tarde, o acabrunhado Graham Bell observava os juízes se preparando para irem embora sem ter passado pelo local em que exibia seu novo aparelho. De repente, uma voz fina chamou-lhe a atenção: _ “Mister Graham Bell”.

Ao se virar, deparou-se com um senhor de barbas brancas e olhos muito azuis, usando roupas escuras, cartola e bengala. Era o Imperador do Brasil – D. Pedro II.

Os dois tinham se conhecido semanas antes em Boston, onde Graham Bell criara uma escola para surdos-mudos, assunto de grande interesse do soberano. O Imperador lhe pedira para assistir uma aula e ficou impressionado com os métodos utilizados pelo jovem escocês.

Primeiro monarca a visitar os Estados Unidos, o Imperador era a maior celebridade internacional convidada para o evento e, nos 3 meses anteriores, visitou diversas regiões do país, sempre tratado com deferência e admiração. Sua presença diariamente nos jornais americanos atraía multidões de jornalistas e curiosos.

Ao se reencontrar com Graham Bell na feira, D. Pedro II estava acompanhando os juízes como convidado de honra. “O que o Sr. está fazendo aqui? ” – perguntou D. Pedro e, diante disso, o escocês contou-lhe que acabara de patentear um mecanismo capaz de transmitir a voz humana.

A cena que se seguiu atualmente faz parte dos grandes momentos da história da ciência, pois escoltado pelo Imperador do Brasil e por um batalhão de repórteres e juízes, Graham Bell esgueirou-se pelas escadas até o local em que haviam confinado sua aparelhagem.

Chegando lá, pediu a D. Pedro que se postasse a uma distância de 100 metros e mantivesse junto aos ouvidos uma concha metálica conectada a um fido de cobre. Atravessou a galeria e, no extremo oposto da fiação, pronunciou as seguintes palavras – retiradas da peça de Hamlet, de William Shakespeare: “To be or not to be” (Ser ou não ser).

_ “Meu Deus, isso fala! Eu escuto! Eu escuto! ” – Exclamou D. Pedro II, em um inglês perfeito. ([1]).

Mais tarde, rebatizado como telefone, o “novo aparato acionado pela voz humana” seria considerado a maior de todas as novidades apresentadas na Exposição da Filadélfia.

Foi também um dos marcos mais importantes do século XIX, chamado de o “Século das Luzes” devido às inovações científicas e tecnológicas que mudaram radicalmente a vida das pessoas.

Para termos uma ideia da importância do século XIX, basta observar a galeria de pensadores, inventores, cientistas, artistas e revolucionários que viveram nessa época.

·                     Na Ciência e Tecnologia: Michael Faraday, Charles Darwin, Alexander Graham Bell, Thomas Edison, Gottlieb Daimler, Louis Pasteur, Sigmund Freud e Max Planck.

·                     Na Literatura: Johann Wolfgang von Goethe, Leon Tolstoi, Fiódor Dostoiévski, Alexandre Dumas, Victor Hugo, Honoré de Balzac, Edgar Alann Poe, Júlio Verne, Mark Twain e Oscar Wilde.

·                     Na Pintura: Francisco de Goya, Édouard Manet, Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir, Paul Cézanne e Vincent van Gogh.

·                     Na Música: Ludwig van Beethoven, Franz Schubert, Niccolo Paganini, Richard Wagner, Fréderic Chopin, Giuseppe Verdi, Robert Schumann, Franz Liszt, Johannes Brahms, Piotr Tchaikovsky e Claude Debussy.

·                     Na Filosofia: Friedrich Nietzche, Auguste Comte, Karl Marx e Friedrich Engels.

  

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([1]) Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança. “O Imperador e a Atriz: D. Pedro II e Adelaide Ristori, p. 102

 

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