Nos últimos cinquenta anos a Gestão
Empresarial viveu uma longa história de significativas metamorfoses, tanto nos
processos produtivos quanto nos sistemas administrativos. E, conforme alguns
estudiosos, uma das principais mudanças foi na passagem do paradigma da
Administração Científica para um novo paradigma, o qual emergiu após os anos
80.
Pode-se dizer que na época de
Taylor (Administração Científica) o processo de produção era concebido sob a
abordagem da Engenharia, na qual
administrar era um processo de modelagem no processo produtivo e visava metas
enquadradas em parâmetros baseados em tempo e custo.
Nessa abordagem, administrar
consistia em controlar o processo produtivo em si, pressupondo-se que o
monitoramento de todos os eventos garantisse a eficiência do resultado.
Nessa perspectiva, alguns
acreditavam que a capacitação dos indivíduos fazia parte dos alvos regulatórios
e a formação profissional era o meio que garantia a competência, requerida para
o exercício das tarefas; ou seja, a posse do know-how.
O know-how era a
capacidade de realizar a tarefa conforme os padrões de resultados e tempos,
definidos pelo planejamento. As tarefas e atividades eram definidas por setores
especializados em planos de tal forma que o que se esperava do funcionário era
o “saber fazer” aquilo que estava prescrito.
Esperava-se que o trabalhador
aprendesse a realizar a tarefa em todas as suas possíveis variações, como
acontece com os pilotos de aviões, que realizam os procedimentos que estão
detalhadamente previstos em um manual.
Para o desempenho dessa função
contava-se com a regulagem da competência profissional que era adquirida por
meio de atividades desenhadas para ensinar os procedimentos ao funcionário e
adestrá-lo nas habilidades que estes requeriam.
Grande parte dessa regulagem da
competência foi inspirada nos laboratórios de Psicologia
e criada por diversos especialistas em ciências comportamentais por meio da
experiência do quotidiano.
Como os administradores eram
leigos em técnicas de aprendizagem e, nessa forma de concepção do processo de
produção parte da regulagem dependia do uso dessas técnicas, as ciências do
comportamento humano foram requisitadas pela Administração para fornecer
informações sobre as condições e instrumentos de aprendizagem.
Estimulada por essa parceria, a Psicologia se dedicou a construir teorias que
garantissem o controle da competência, tendo em vista o desempenho esperado
pelo planejamento das tarefas.
Dessa forma, a Psicologia Industrial legitimou a abordagem da Engenharia, fornecendo à Administração
Científica o suporte da experimentação científica, conforme deduziu-se das
abordagens da tecnologia chamada de Psicometria.
.
Nessa perspectiva, o trabalhador
foi assumido com um ser fragmentado em habilidades e traços de personalidade. A
habilidade era tida como algo objetivo existente dentro do indivíduo, que
ocorria independentemente de ser descoberto por alguém e que poderia ser
mensurado.
Essa configuração propiciou o
aparecimento dos perfis profissionais, os quais se tornaram o padrão de
condições pessoais para o trabalho. Deu-se o nome de “perfil” ao conjunto de
requisitos exigidos de um indivíduo para a realização de uma tarefa.
Assim como as tarefas eram
planejadas por setores especializados, o perfil profissional era definido pelos
especialistas da área de Recursos Humanos e se constituía no alvo dos programas
de treinamento.
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