domingo, 2 de outubro de 2016

O EMPRESÁRIO QUE REVOLUCIONOU O VAREJO


Harry Gordon Selfridge Compreendia as Mulheres – Seu Principal Público Consumidor – Como Ninguém e Revolucionou o Conceito de Lojas de Departamentos.






Numa noite fria em Londres, um homem trajando um sobretudo simples observa a vitrine da badalada loja de departamentos Selfridges & Co. Não demorou muito para ser detido, pois a polícia achou que ele era um indigente qualquer. Era o Duque da Oxford Street, Harry Gordon Selfridge, criador da loja de departamentos que leva seu nome.





Acostumado a um estilo de vida luxuoso, ele morreu pobre. Harry começou a trabalhar aos 10 anos como entregador de jornais. Pouco tempo depois virou empregado de um empório e, aos 13 anos, produzia uma revista semanal. De trabalho em trabalho, sua carreira ganhou fôlego quando foi aceito na Field, Leiter & Company.

Uma década depois, ele se tornou o assistente pessoal do sócio e, mais tarde, uma espécie de “VP” de marketing. Eles criaram – ou popularizaram – slogans como “O cliente sempre está certo” e “Dê à senhora o que ela deseja”. Concretizou ideias ousadas, como a iluminação de vitrines, a decoração de interiores para mulheres, as listas de presentes para casamento e o guarda-volumes para compras.

Mas a guinada mesmo veio em Londres. Harry abriu a Selfridges & Co na Oxford Street, que contava com um projeto arquitetônico alexandrino. A grande inovação foi a maneira como a Selfridges & Co tratava seus consumidores. Tudo era organizado de forma que os clientes pudessem tocar, ver e avaliar, sem portas nem vidros separando os consumidores dos seus objetos de desejo.



E lá se vendia de tudo: telefones, roupas, peles, máquinas de sorvete e até pequenos aviões. Harry Selfridge formou uma fortuna pessoal inimaginável com os lucros da loja. Mas quando sua esposa morreu, o empresário se afundou em jogatinas, bebidas e mulheres.

E isso sugou Selfridge até a sua falência. Harry morreu enquanto dormia aos 89 anos de idade. Na época, sua família não pôde pagar uma lápide. Entretanto, ele ainda é lembrado como o empresário que revolucionou o varejo.

A maior parte da infância de Harry foi junto à mãe. Seu pai, Robert Selfridge, era dono de uma pequena loja; em 1861, foi convocado para lutar na guerra civil junto às forças da União. Após a guerra, ele não retornou para casa – sua esposa, Lois Selfridge dizia para os três filhos que ele havia morrido em combate.

Sozinha e com um salário de professora, cuidou dos três – Harry, Charles e Robert. Os dois últimos morreram pouco tempo após a guerra. Harry e Lois eram exclusivos um do outro. Harry nunca escondeu a admiração pela mãe, mulher que ele considerava “valente, respeitável e de coragem indômita”. A convivência com Lois, que dedicou toda a sua atenção ao único filho, também influenciou profundamente a visão e compreensão de Selfridge sobre as mulheres.



A loja hospedou o primeiro exemplar de uma caixinha de imagens chamada televisão, em 1925, apresentada por seu próprio criador, o escocês Logie Baird. Nos corredores do estabelecimento havia restaurantes, uma biblioteca e sala de leitura, sala de primeiros socorros e um aposento com manicures e cabeleireiros. Tudo com perfeição em cada detalhe, do aroma do ar até o ambiente.

Apesar de amar a esposa, Harry teve muitas amantes – e todas eram faustamente presenteadas com lembranças da Selfridges & Co. A bailarina Anna Pavlova, a dançarina Isadora Duncan, a escritora Elinor Glyn e várias outras beldades da época, solteiras, viúvas ou casadas, cederam ao cortejo do empresário.




Por Eber Freitas (www.administradores.com

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